Tempos de Guerra
Em tempo de guerra declarada, porque vejo soldados bebendo do veneno do inimigo, sabendo que é veneno?
Porque trocam suas rações diárias, balanceadas, pelos manjares dos reis? Comida indigesta, doce ao paladar, amarga ao estômago.
Porque abandonam o posto quando sabem da necessidade de vigilância?
Porque dormem no posto quando sabem que o inimigo está à espreita, avançando no terreno, tomando novas posições?
Porque trocam às vezes, seu manual de instrução por cartilhas forjadas pelo inimigo?
Porque durante as campanhas, em vez de erguerem o estandarte da vitória, vejo muitos hastearem a bandeira, como que derrotados?
Porque aceitam as instruções do inimigo, indo por caminhos que ao final são caminhos de morte? Caminhos largos que afunilam, conduzindo a um campo minado. Na preleção foram orientados sobre qual caminho seguir, Porque ainda muitos erram o caminho?
Porque vejo soldados parando quando deveriam prosseguir?
Porque os vejo recuando quando a ordem é para avançar?
Porque se deixam confundir por comandos, por ordens no campo de batalha, que não procedem do comandante? As vozes de comando estão todas no manual de campanha e a voz do comandante é inconfundível. Então, por quê?
Muitos soldados estão a desertar, abandonando as fileiras, meu Deus! Muitos estão tombando ao meu lado! Senhor! Comandante! Uma voz estridente se fez ouvir em todo o campo de batalha: “Permaneçam”! “Avancem”! “Não recuem em suas posições”! “Não abaixem suas armas”! Era a voz do comandante, animando os corações abatidos.
Em contrapartida, no arraial do inimigo, percebeu-se grande silêncio e temor.
Até que nos deparamos com os portais de uma grande cidade, cujo nome era CANAÃ CELESTIAL. Ao olhar para trás percebi que o exército inimigo estava todo destruído, porém mais ao longe vinha um grupo de soldados, eram dos nossos, pensei. Ao se aproximarem, momento em que os portais se abriam, o Comandante não os deixou entrar e disse: “aqui não tem lugar para os covardes, apartai-vos de mim malditos desertores”. Ali houve muito choro e desespero.
Nós fomos convidados a entrar, recepcionados por uma grande comitiva que nos deram vestes brancas. Mais que depressa tirei o fardamento castigado pela guerra e me vesti de branco. Naquela cidade eu comecei a ver todos aqueles que morreram no campo de batalha, que não recuaram em suas posições, estavam vivos e sem nenhum ferimento. Neste momento eu chorava muito, então o comandante se aproximou de mim, enxugou minhas lágrimas e disse: “não haverá mais guerra, nem sofrimento, tragada foi a morte pela vitória e o grande adversário foi destruído para sempre. Venha, sente-se à mesa valoroso soldado, vamos tomar a ceia da vitória, temos uma eternidade de paz para viver”.
Indo em direção à grande mesa, como o desabrochar de uma flor, o choro deu lugar ao riso e a alegria encheu meu coração.
Obs.: Quem copiar parte ou todo o texto, favor fazer referência ao autor.
Pb. Wanderlei
05/11/06
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